sábado, 12 de março de 2011

NOTÍCIA DE UM ROUBO

amada,

li essa notícia na internet e não resisti diante de tamanho romantismo dela.
oxalá todos os roubos fossem de gnomos.



NOTÍCIA DE UM ROUBO
Oswaldo Antônio Begiato

Um ladrão pulou o muro de uma casa na noite desta segunda-feira
e roubou três enfeites de jardim:
Um gnomo, um sapo e uma centopéia.

Segundo a polícia, há marcas de pés sujos nas paredes do local.

O ladrão de gnomo de jardim,
apesar de seus pés sujos,
 não foi encontrado pela polícia.

Isso é que é ter sorte na vida!


domingo, 6 de março de 2011

a tal poesia do cisne


amada,

fiquei todos esses dias pensando em tudo o que você escreveu.
e pensei, pensei, pensei...
e assim fiquei com a certeza absoluta de que todos nós somos uma espécie de Nina, de bailarinos que sonham um dia dançar o Cisne Negro.
se você soubesse, minha amiga, quantas vezes eu me mutilei e me mutilo nessa minha vida medíocre, na tentiva de ser um homem bom.
consigo?
consigo nada.
tudo é em vão. tudo!
sempre sou humilhado por uma coisinha que deixei de fazer, ou fiz mal, ou não devia ter feito, ou sei lá o quê.
sei que jamais conseguirei dançar o tal cisne, negro ou dourado ou ilimuminado ou morto ou vivo ou magro ou gordo ou bardo (bardo então nem pensar)...
estou desistindo de bailar e me farei silencioso como o lago sem o cisne, e negro como a noite sem a bailarina.
a vida não é fácil.
cada vez chego com mais convencimento à essa conclusão.
cada vez mais a morte me encanta.
parece ser mesmo, o que tão bem definiu Martin Luther King, o denominador comum de todos nós.

a poesia que me pediste.


sou a bailarina da noite escura
dançando no espelho liso de um lago
onde cisnes negros se entregam à morte
desesperadamente


sou a bailarina frágil
que queria ser doméstica
ou freira
ou feirante
ou médica
ou mestre
ou professora
ou prostituta

no entanto estou aqui
mutilando meus sonhos
rasgando minha pele
porque o cisne negro insiste em não morrer

um imenso abraço.w